Brasil

Procurador da Lava Jato: "Corrupção é decorrente do nosso sistema político"

Carlos Fernando Lima diz que Lava Jato vai revelar que dinheiro financia campanhas políticas

12/04/16 - 11h27
Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

O procurador da República que coordena a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba (PR), Carlos Fernando dos Santos Lima, afirmou nesta terça-feira (12) que "a corrupção não é partidária e é decorrente do nosso sistema político".

A frase foi usada ao detalhar os motivos da prisão do ex-senador Gim Argello (PTB-DF) na 28ª fase da Lava Jato. O procurador fez questão de enfatizar que "não existe nenhuma menção a qualquer outra pessoa com foro [privilegiado" em andamento na 13ª vara da Justiça Federal.

A declaração de Lima foi feita logo depois que seu colega e também procurador da República Athayde Ribeiro Costa informou que o ex-senador Gim Argello (PTB-DF) obstruiu os trabalhos de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) após o início da Lava Jato. A CPMI da Petrobras, composta por deputados e senadores, foi criada em maio de 2014 e tinha Argello como vice-presidente.

— Hoje vemos partido de oposição [...] estamos diante de uma corrupção para financiamento de campanhas políticas. É isso que a Lava Jato pretende revelar.

Questionado se outros parlamentares ou ex-congressistas sabiam do esquema articulado por Argello para receber propina, Lima destacou que "se houver alguma menção na colaboração do senador Delcídio do Amaral não é do nosso conhecimento porque esse material não foi compartilhado conosco". Foi uma resposta às perguntas sobre pessoas com foro privilegiado que poderiam ser citadas na investigação.

— Em relação às pessoas jurídicas citadas, inclusive a paróquia, eles ainda são investigados. Neste momento, temos esses fatos. Pagamentos de propinas oriundos de obras da Petrobras, o centro de custo era a obra da Renest [Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco], e esses valores foram pagos para a paróquia e os partidos. [...] Não há nenhuma afirmação de que não existe nenhuma culpa dessas pessoas.

Paróquia

O procurador da República informou ainda que a paróquia São Pedro, localizada em Taguatinga (DF), não está livre de uma investigação especial. Preliminarmente, os agentes da força-tarefa identificaram o repasse de R$ 350 mil para a igreja, com dinheiro de propina gerada com recursos ilegais da Petrobras.

— Não é porque é uma igreja católica que não vamos aprofundar as investigações. Qualquer denominação religiosa exerce [influência] sobre pessoas. Precisamos investigar se há algum tipo de influência dessa paróquia em campanhas eleitorais de Gim Argello. [...] Não há indicação de que Gim Argello estaria agindo em conluio ou sobre mando de quem quer que seja. As trocas de mensagem dão conta de que ele era o responsável pelo esquema.

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