Brasil

Suspeito de matar homens gays em Curitiba afirma que não foi motivado por ódio

Ele afirmou que as vítimas eram escolhidas pela "facilidade" de abordagem

Folhapress | 04/06/21 - 10h30
Thiago é suspeito de matar ao menos três homens gays no Paraná e em Santa Catarina | Foto: Reprodução / Rede Social

Suspeito pela morte de ao menos três homens gays no Paraná e em Santa Catarina, José Tiago Correia Soroka, 33, nega que os crimes tenham sido motivados por homofobia e que tenha premeditado os assassinatos. Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele afirmou que as vítimas eram escolhidas pela "facilidade" de abordagem e que só pretendia roubá-las.

 "Não tem nada a ver com a opção sexual [sic], mas pela facilidade de conseguir adentrar [na casa da vítima], independente se fosse homem ou mulher [...]. Vou deixar bem claro que não foi por ódio nem homofobia. Independente, se fosse um homem hetero[sexual] que me chamasse para adentrar à casa e eu visse que tinha a possibilidade de êxito na situação, teria ido", disse.

Soroka foi capturado pela polícia do Paraná no último sábado (29), em uma pensão no bairro Capão Raso, em Curitiba. Segundo os delegados, ele confessou os três assassinatos, ocorridos entre 16 de abril e 4 de maio, e o atentado contra um quarto homem gay, no dia 11 de maio -ele sobreviveu e ajudou na identificação do suspeito.

Calmo, mirando sempre nos olhos, Soroka conversou com a repórter por cerca de 15 minutos, numa sala da Delegacia de Homicídios de Curitiba, na segunda-feira (31). Com os pés e mãos algemados, ele contou que, naquele dia, acionou o advogado de um de seus quatro colegas de cela para também conduzir sua defesa.

O suspeito negou sentir atração por homens e ser bissexual -como constava em uma de suas redes sociais- e disse que a informação era apenas uma isca para as vítimas. Sobre a alegação de que teria pedido para que os abordados tirassem a roupa nos encontros, Soroka negou o fato e afirmou que, quando isso aconteceu, ele mesmo foi pego de surpresa.

Para a polícia, há indícios de motivação sexual nos crimes, já que Soroka vestia os corpos das vítimas, cobria-os com mantas ou travesseiros e os trancava pelo lado de fora de casa, como se quisesse "esconder" os encontros.

O suspeito contou que teve dois relacionamentos duradouros com mulheres, dos quais nasceram seus dois filhos, que hoje têm 9 e 4 anos. Porém, um homem ouvido pela polícia afirmou ter ficado com ele por quatro anos e que sofreu violência durante o relacionamento.