Futebol Nacional

Torcidas de São Paulo e Fortaleza se unem para homenagear Rogério Ceni

Veja / Placar | 13/05/19 - 14h22
Rogério Ceni é homenageado antes de partida entre Fortaleza e São Paulo, pelo Brasileiro de 2019 | Fortaleza EC/Divulgação

Apesar da derrota por 1 a 0 de sua equipe, o treinador do Fortaleza, Rogério Ceni, levará ao menos uma boa recordação da quarta rodada do Campeonato Brasileiro. Foi a primeira vez que ele enfrentou o São Paulo, time pelo qual atuou como goleiro por 25 anos. O reencontro histórico serviu para que as duas torcidas tricolores se unissem e homenageassem o ídolo.

Antes do jogo entre Fortaleza e São Paulo, os torcedores dos dois clubes se uniram para homenageá-lo e gritar seu nome. Bandeirões gigantes e um mosaico traziam a figura de Rogério e palavras como “gratidão”. Em campo, o time paulista venceu por 1 a 0, com gol de Hernanes.

Além da longa e histórica passagem como atleta profissional, Rogério ainda foi treinador do São Paulo pelos primeiros sete meses de 2017, em sua primeira oportunidade à beira do campo. E se o trabalho pelos lados do Morumbi não rendeu conquistas e, pelo contrário, rusgas com a diretoria, principalmente com o presidente Leco, a oportunidade em Fortaleza, iniciada em 2018, já colocou na estante do ex-goleiro duas taças: da Série B da última temporada e do Cearense de 2019.

Antes do compromisso contra Ceni, o técnico Cuca analisou o início de trajetória do ex-goleiro são-paulino à beira do campo e afirmou que espera o adversário tranquilo, mesmo em um confronto com caráter tão especial.

“No começo, vou lembrar de mim. temos coisas, ideias, mas é um caminho que temos de percorrer. Consigo ver hoje o caminho que percorri. São coisas que o Rogério (Ceni) vai percorrer, está percorrendo. Já sentiu a dureza que é o futebol, foi demitido, agora foi campeão. Tudo vai amadurecendo para ser um treinador melhor ainda do que é hoje”, disse Cuca.

“Acho que ele (Rogério) está tranquilo. Só deve ter um sentimento pelo São Paulo: amor. Por tudo o que ele viveu aqui, viveu mais tempo aqui do que na casa dele. São 25 anos. Não vejo uma partida como ‘ah, isso tem de acontecer’. Acho que está tranquilo para jogar uma partida contra o São Paulo, de forma natural”, completou o treinador sã-paulino.

Carreira como goleiro-artilheiro do São Paulo

Goleiro, artilheiro, ídolo e “mito”. Assim foi construída a trajetória de Rogério Ceno com a camisa do São Paulo Futebol Clube. Inicialmente debaixo das traves, o camisa 01 foi além da função tradicional de goleiro. O então jovem arqueiro chegou ao São Paulo em setembro de 1990 e estreou no time principal no dia 25 de junho de 1993, em uma excursão à Espanha. Depois, no dia 15 de fevereiro, em Araras, no interior paulista, deu início a carreira artilheira. Na vitória do Tricolor sobre o União São João por 2 a 0, Rogério marcou seu primeiro gol de falta. Depois, acumulou recordes e conquistas.

Quando decidiu pendurar as luvas, e também as chuteiras, ao fim de 2015, Rogério Ceni eternizou seu nome na história de ídolos do São Paulo Futebol Clube e dos maiores de todos os tempos. Em 25 anos de serviços prestados no Morumbi, foram 18 títulos oficiais (maior vencedor da história do clube), 1237 partidas, que o torna o goleiro com mais jogos por um mesmo clube na história do futebol, e 131 gols marcados, sendo 61 de falta, 69 de pênalti e um considerado de bola rolando.

Por fim, foram dezenas de recordes em nível mundial e local. Pelo São Paulo, o ex-goleiro e atual treinador é o recordista de jogos (575) e de vitórias (279) no Campeonato Brasileiro, jogador brasileiro com mais jogos (90), vitórias (51) e participações (9) na Libertadores, maior número de triunfos no Morumbi (375) e goleiro com maior número de assistências (7).

Além disso, o eterno camisa 01 do Tricolor é o atleta que mais vezes vestiu a braçadeira de capitão de um mesmo time (978 vezes). Dono da faixa pela primeira vez em 2002, o goleiro entrou para o Guinness Book, Livro dos Recordes.

Passagem pelo comando técnico e rixa com Leco

Depois de uma temporada longe dos gramados estudando futebol e realizando estágios ao redor do mundo, principalmente na Inglaterra, Rogério Ceni retornou ao São Paulo para uma comandar o time, que ainda contava com peças das quais foi companheiro de time. E para tentar colocar em prática suas ideias, o ex-goleiro trouxe consigo dois auxiliares estrangeiros: o inglês Michael Beale e o francês Charles Hembert, que segue no Fortaleza.

Com uma ideia de jogo ofensivo, Rogério deixou ótimas impressões iniciais, principalmente depois da pré-temporada nos Estados Unidos, que terminou com título da Copa Flórida diante do Corinthians. Depois, o time passou por um momento de irregularidade e acabou eliminado tanto da Copa do Brasil quanto da Sul-Americana, para o modesto Defensa y Justicia, da Argentina.

Com os maus resultados, a diretoria comandada por Carlos Augusto de Barros e Silva optou pelo fim do trabalho e a saída de Rogério do comando técnico. E com a mudança vieram as polêmicas, de ambos os lados. Ceni chegou a dizer que não voltaria ao São Paulo enquanto Leco estivesse no clube, ao mesmo tempo que o presidente afirmou que a imagem do ídolo ficou “embaçada”.

Da Inglaterra, onde realizava cursos de capacitação, Rogério Ceni usou seu perfil em uma rede social para se manifestar contra a declaração do presidente tricolor. Apesar de não ter citado Leco, o treinador deu seu recado. “Não se deixe enganar pelos cabelos brancos, pois os canalhas também envelhecem”, escreveu, usando uma antiga frase de Rui Barbosa.

Acesso e títulos pelo Fortaleza

Assim que deixou o comando do São Paulo, Rogério Ceni optou por voltar aos estudos antes de retornar ao futebol. E na reta final de 2017, o treinador acertou com outro Tricolor: o do Pici. Distante da capital paulista, o ex-goleiro passou por um início conturbado e até mesmo questionado por parte da torcida após o vice-campeonato Estadual, mas se reinventou justamente na principal competição do ano: a Série B do Brasileiro. Como se não bastasse o acesso, o Fortaleza terminou erguendo a taça.

Para 2019, visando a disputa da elite nacional, o Leão do Pici buscou reforços e viu o trabalho coroado logo nos primeiros meses do ano com a conquista do Campeonato Cearense, justamente sobre o maior rival, o Ceará. No Brasileiro, o time venceu apenas um dos três primeiros compromissos, mas conquistou na última quarta-feira a vaga na decisão da Copa do Nordeste, ao vencer o Santa Cruz por 1 a 0.