Alagoas

Um em cada dois escolares experimentou bebida alcoólica em Alagoas

Ascom IBGE | 10/09/21 - 17h52
Reprodução

Pesquisa divulgada pelo IBGE revela que 54,3% dos escolares alagoanos entre 13 e 17 anos relataram ter experimentado bebida alcoólica alguma vez na vida no período pré-pandemia, correspondendo a um resultado abaixo das médias para o Nordeste (56,5%) e Brasil (63,3%). Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2019 e foram disponibilizados nesta sexta-feira (10).

Em Alagoas, a amostra da pesquisa coletou 4.824 questionários válidos em escolas públicas ou privadas no ano de 2019, contemplando 145 escolas e 198 turmas em um universo de 6.018 alunos matriculados, dos quais 5.719 eram frequentes. Os estudantes precisavam ter entre 13 e 17 anos.

Para o gerente da pesquisa, Marco Andreazzi, o uso de bebidas alcoólicas na adolescência está relacionado a problemas de saúde posteriores e aumenta as chances de consumo abusivo na idade adulta. “Os efeitos secundários incluem problemas renais, hepáticos, cardíacos e de desenvolvimento cerebral. São efeitos muitos diversos e, quanto mais precoce for esse uso, maior o risco de doenças crônicas degenerativas que ocorrem em função desse uso prolongado”, diz.

Entre os estudantes alagoanos que experimentaram bebidas alcoólicas, 42,3% disseram ter tido episódios de embriaguez. Esse percentual foi maior entre os estudantes de escolas da rede privada (44,3%) do que entre os da rede pública (41,8%), ao contrário do observado para a média nacional. Além disso, 16,3% relataram a ocorrência de problemas em consequência de terem bebido, entre eles estão o conflito com a família ou amigos, a perda de aulas ou brigas.

De acordo com o pesquisador, o consumo abusivo, também levantado pela pesquisa, está diretamente ligado aos episódios de embriaguez relatados pelos estudantes. O uso foi considerado abusivo quando, em uma única ocasião, passava de cinco doses para os meninos e quatro para as meninas. A dose é equivalente a um copo de chope, uma lata de cerveja, uma taça de vinho, uma dose de cachaça ou de uísque.

Entre os adolescentes alagoanos de 13 a 17 anos, 6,7% relataram ter consumido quatro doses ou mais em um mesmo dia. Nesse indicador, o Sul (12%) e o Centro-Oeste (11,1%) ficaram acima da média nacional. Já Norte (7,0%) e Nordeste (7,8%) apresentaram os menores percentuais. Em Alagoas, 5% dos estudantes dessa faixa etária disseram ter bebido cinco doses ou mais em um dia.

“São dois aspectos diferentes do mesmo problema: um é a frequência de consumo, em que podem ser tomadas medidas no sentido de controlar, de dificultar o consumo do álcool pelos adolescentes; o outro é o consumo abusivo, que tem efeitos mais agudos e ainda mais danosos”, explica Andreazzi.

Entre as questões levantadas também estava o uso de bebidas alcoólicas pelos pais dos adolescentes. Quase metade dos escolares de 13 a 17 anos (49,7%) respondeu que o pai, a mãe ou ambos consumiam esse tipo de produto, sendo os percentuais maiores no Sul (62,4%), no Centro-Oeste (61,9%) e no Sudeste (61,5%).

Uso do cigarro

A pesquisa também mostrou que 19,1% dos estudantes alagoanos entre 13 e 17 anos já experimentaram cigarro, com diferença significativa entre meninos (21,2%) e meninas (16,9%) e entre alunos da rede pública de ensino (19,8%) na comparação com o sistema privado (15,2%). Além disso, 9,4% dos escolares nessa faixa etária haviam fumado antes de completar 14 anos. Assim como em relação à bebida, a PeNSE também averiguou junto aos adolescentes o consumo atual de cigarros: 5% dos estudantes alagoanos haviam fumado nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa, sendo o consumo atual maior no Sul (8%) e menor no Nordeste (4,7%).

Outro aspecto levantado pela PeNSE foi a forma de obtenção de cigarro e bebidas alcoólicas. Apesar de a legislação proibir a venda desses produtos para menores de 18 anos, lojas, bares, botequim, padarias ou banca de jornal foram apontados por 31,4% como o lugar onde obtiveram cigarros. Em relação às bebidas alcoólicas, a maioria dos escolares alagoanos (32,8%) respondeu que conseguiu em uma festa, enquanto 25,8% disseram ter comprado no mercado, 18,5% obtiveram com amigos e 7,1%, em casa, com alguém da família.

Além do uso do cigarro tradicional, a pesquisa investigou o uso de cigarro eletrônico. No Brasil, a importação, propaganda e venda desses produtos são proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A despeito disso, 10,7% dos estudantes alagoanos já haviam fumado pelo menos uma vez, taxa abaixo da média nacional (16,8%). 

“Nos Estados Unidos, o uso do cigarro eletrônico já é considerado uma epidemia. Aqui está sendo difundido recentemente e é algo muito atrativo para os jovens, porque é visto como um produto tecnológico que preserva a saúde. Em geral, há aromatizantes e sabores que ajudam o paladar e, com isso, atraem os adolescentes e até mesmo as crianças”, frisa Andreazzi. De acordo com estudos elencados pelo  Instituto Nacional de Câncer (INCA), os níveis de toxicidade do cigarro eletrônico podem prejudicar a saúde tanto quanto os do cigarro comum.

Segundo o gerente da PeNSE, assim como há apelo para o consumo do cigarro eletrônico pelos jovens, acontece o mesmo com o narguilé, uma espécie de cachimbo usado para fumar tabaco. Em 2019, o produto já havia sido experimentado por 15,8% dos estudantes alagoanos de 13 a 17 anos. De modo geral, as regiões Norte (13,6%) e Nordeste (13,2%) apresentaram baixas taxas. Algumas unidades da federação ficaram muito acima da média nacional, como Paraná (52,4%), Distrito Federal (50,6%) e Mato Grosso do Sul (48,9%).

6,6% dos escolares alagoanos de 13 a 17 anos já usaram droga ilícita

A pesquisa também mostrou que apenas 6,6% dos escolares alagoanos haviam experimentado algum tipo de droga ilícita, como maconha, cocaína, crack e ecstasy. Entre os estudantes da escola privada (8,4%), a exposição era maior do que entre os da rede pública (6,3%), ao contrário do observado na média nacional. A taxa para Alagoas foi a segunda menor do país, à frente somente da Bahia (5,5%).

O percentual de jovens cuja primeira experiência com drogas ilícitas aconteceu antes dos 14 anos foi de 2,5%. A proporção é praticamente a mesma entre os alunos da rede pública (2,4%) e os da rede privada (2,6%), mas com diferenças entre meninos (3,6%) e meninas (1,3%).

A pesquisa também levantou o percentual de escolares de 13 a 17 anos cujos amigos usaram drogas ilícitas na sua presença pelo menos uma vez nos 30 dias anteriores. Essa situação foi relatada por 10,9% dos escolares alagoanos nessa faixa etária, representando a segunda taxa mais baixa do país nesse indicador ao lado do Piauí e à frente da Bahia (9,3%). Para Andreazzi, esse é um indicador de exposição à experimentação de drogas. “Enquanto na experimentação do álcool existe muitas vezes a influência da família, na situação da droga ilícita e do cigarro, o consumo tem mais a ver com a situação do grupo em que o adolescente está inserido. Por exemplo, podemos observar que o consumo do cigarro pelos pais caiu, ao passo que cresceu entre as meninas mais jovens”, diz.

Já em relação ao uso recente, 2,1% dos escolares afirmaram ter usado maconha nos 30 dias que antecederam a pesquisa. Esse indicador apresentou diferença na distribuição por sexo, sendo maior entre os meninos (2,7%) do que entre as meninas (1,6%).