O advogado Alberto Zacharias Toron, que defende o senador Aécio Neves (PSDB-MG) em um inquérito derivado da delação da JBS, afirmou nesta terça (17), no Supremo Tribunal Federal, que seu cliente foi alvo de armação no episódio em que foi gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista. "Havia ali, sem autorização judicial, uma verdadeira ação controlada [que demanda ordem judicial para ser realizada]. Quando ele [Joesley] vai conversar com Aécio, ele é quem sugere que se faça o pagamento em dinheiro, é só ouvir a fita", disse Toron, que quer que as provas apresentadas pela JBS sejam anuladas por conterem vícios em sua origem. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-1'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-13');Nesta tarde, os cinco ministros da Primeira Turma do STF decidem se recebem uma denúncia contra o tucano, oferecida pela Procuradoria-Geral da República em junho do ano passado. Se a maioria entender que há elementos suficientes de que Aécio cometeu crimes, será aberta uma ação penal e o senador virará réu no Supremo pela primeira vez. Integram a turma os ministros Marco Aurélio (relator do inquérito), Luiz Fux, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, presidente da turma. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-2'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-4'); Aécio foi denunciado por causa do episódio em que foi gravado, em março do ano passado, pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista. O valor foi entregue em parcelas a pessoas próximas, segundo a acusação. A Polícia Federal chegou a filmar a entrega de dinheiro vivo a um primo do senador. Além do tucano, foram denunciados, sob acusação de corrupção passiva, Andréa Neves, irmã dele, Frederico Pacheco, o primo, e Mendherson Souza Lima, assessor do senador Zezé Perrella (MDB-MG), que é aliado do tucano. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-3'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-6'); Aécio também é acusado de tentar embaraçar as investigações da Lava Jato por meio de sua atuação no Congresso. No ano passado, ele chegou a ser afastado do mandato pelos ministros da Primeira Turma, mas, posteriormente, o Senado reverteu a decisão. DEFESA X ACUSAÇÃO window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-4'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-8'); A defesa do tucano alega, primeiramente, que a delação da JBS foi ilegal porque a produção de provas foi orientada pelo ex-procurador Marcello Miller. O ex-procurador é investigado sob suspeita de ter auxiliado os executivos enquanto ainda era membro do Ministério Público Federal -ele foi exonerado em abril de 2017.Para a defesa, houve um flagrante armado que contou com a ciência e o aval do então procurador-geral, Rodrigo Janot. Quanto ao mérito da acusação de corrupção, a defesa sustenta que o tucano pediu um empréstimo a Joesley e negociou com ele a venda de um apartamento de sua mãe. Para haver corrupção, diz a defesa, seria preciso que Aécio tivesse favorecido Joesley em troca do dinheiro, o que não ficou demonstrado. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-5'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-17'); "Há necessidade de que ele [ato de ofício em favor do corruptor] esteja no horizonte, [que haja expectativa de] que venha a ser praticado, e precisa estar descrito na denúncia", afirmou Toron. Sobre a acusação de tentar obstruir a Justiça, a defesa afirma que a atuação parlamentar de Aécio foi regular e legítima. "Não se pode pretender a criminalização da atividade parlamentar, isso é parte do jogo democrático", disse o advogado. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-6'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-10'); Já o subprocurador-geral Carlos Alberto Carvalho de Vilhena, que representa a PGR na sessão desta tarde, disse que as suspeitas sobre Miller estão sendo investigadas e apontam para uma conduta pessoal do ex-procurador, incapaz de invalidar as investigações realizadas pelo Ministério Público. "A conduta de Miller não pode ser tida como uma conduta da instituição MPF [Ministério Público Federal]. O que houve, na verdade, foi a atuação ilícita de Miller de prestar auxílio aos colaboradores antes de se desligar do Ministério Público", afirmou Vilhena. O subprocurador-geral também rebateu a alegação da defesa de que Aécio foi vítima de um flagrante armado. "Não foi a PGR, Miller ou os colaboradores que induziram Aécio a praticar o crime de corrupção passiva. O que ocorreu foi o contrário: o empresário Joesley foi procurado por Andréa, irmã de Aécio, que lhe solicitou R$ 2 milhões a pretexto de honrar honorários de advogados. A solicitação da vantagem indevida deu-se sem qualquer tipo de provocação ou indução por parte de terceiros", disse. A PGR afirma que o tucano e os outros três denunciados solicitaram e receberam de Joesley R$ 2 milhões em troca de vantagem indevida. O tucano, segundo o órgão, utilizou sua condição de senador para se colocar à disposição de Joesley para "conseguir cargos públicos" para pessoas indicadas pelo empresário. Quanto à acusação de obstrução da Justiça, a PGR sustenta que Aécio "valeu-se de seu cargo e influência para isentar investigados de crimes relativos a recursos de campanha não contabilizados; constranger e ameaçar autoridades do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Polícia com projeto de lei de abuso de autoridade; e para direcionar delegados federais para atuar em inquéritos de seu interesse".