Alagoas

Atraso na imunização: Renan Filho critica 'racha' entre Bolsonaro e Doria; Ayres diz que falta planejamento ao MS

Gilson Monteiro e Ana Carla Vieira | 19/02/21 - 11h16

Em meio a uma nova variante do novo coronavírus no estado e a previsão de uma lentidão ainda maior na vacinação em Alagoas, o tom do discurso do governador Renan Filho (MDB) e do secretário Saúde, Alexandre Ayres, foi de críticas às desavenças políticas e à falta de planeamento e transparência do governo federal.

Governador e secretário concederam entrevista na manhã desta sexta-feira, para falar da abertura de leitos na rede hospitalar, onde anunciou a redução no recebimento de doses da vacina no estado. (Leia mais aqui). 

Renan Filho disse que propôs aos demais governadores do país uma nova reunião com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para novos esclarecimentos. Após a  reunão com o ministro na quarta-feira, 17, o governador chegou a anunciar a chegada de um novo lote de vacinas no próximo dia 24, o que já não deve mais acontecer. 

O governador de Alagoas fez críticas ao "racha" entre o governo federal e o governador de São Paulo, João Dória  (PSDB). "Essa divisão do Governo Federal e o Governo de São Paulo precisa acabar. Neste momento não tem vencidos e vencedores, a vitória é do vírus. O Brasil precisa esclarecer à sua população quando nós teremos vacina. E quanto o Butantan e a Fiocruz vão produzir e a partir de quando, porque nós só teremos vacinas se produzirmos aqui. Se for depender de importação, como o mundo inteiro está correndo atrás, nós teremos dificuldades", disse o governador. 

Ayres: falta planejamento ao Ministério da Saúde

Já o secretário de saúde, Alexandre Ayres, criticou o conflito entre o MS e o Instituto Butantan, responsável pela produção da CoronaVac, em parceria com o laboratório chinês, Sinovonac.

"Inicialmente o Ministério da Saúde divulgou um calendário para todos os secretários e governadores, dando conta de uma distribuição dentro do que foi pactuado em reunião com os governadores na quarta-feira de cinzas. Logo em seguida, o Butantan emitiu uma nota desmentindo o Ministério da Saúde e desautorizando o ministério a apresentar um cronograma de entrega num quantitativo de vacinas que o Butantan não se compromete neste momento a disponibilizar ao Governo Federal", disse o secretário, dizendo que tem cobrado transparência do MS. 

"É um momento que não só Alagoas, mas o Brasil passa por crescimento de infecção, temos sentido isso na nossa ocupação hospitalar, e a gente precisa ter celeridade na imunização. Não existe tratamento precoce com eficácia comprovada que não seja a imunização. A gente tem cobrado do Ministério da Saúde maior clareza, o que está faltando é um pouco de transparência para que a gente possa inclusive continuar esse diálogo com a nossa sociedade. As pessoas precisam saber quando chegará o seu grupo, quando chegará a vez dessa tão sonhada vacinação. Enquanto autoridade sanitária estadual, manifesto essa preocupação diante dessa falta de planejamento por parte do Ministério da Saúde", disparou.