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Cidade de SP vai concentrar pacientes com Covid em 'hospitais-catástrofe' para garantir fluxo de oxigênio

G1 | 20/03/21 - 17h38
Reprodução TV Globo

O secretário municipal da Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, disse neste sábado (20) que não vai faltar oxigênio para pacientes da capital paulista e que a Prefeitura está "mudando a logística" e concentrando pacientes com Covid-19 nos dois "hospitais-catástrofe" da cidade, no Jabaquara e em Itaquera, para garantir o abastecimento do insumo.

"Nós estamos mudando toda a logística, concentrando nossos pacientes de Covid-19 nos grandes hospitais, para que a gente possa ter um abastecimento constante de oxigênio", disse o secretário em entrevista ao SP1.

O anúncio ocorre após a transferência de 10 pacientes de uma UPA na Zona Leste de São Paulo durante a madrugada deste sábado (20) por uma falha no abastecimento de oxigênio do local. 

As UPAs são Unidades de Pronto Atendimento criadas para receber pacientes de média complexidade. No entanto, com o avanço da Covid-19, esses serviços passaram a atender casos mais graves, e a trabalhar no limite da ocupação.

Para atender a demanda por oxigênio, que cresceu 121% na cidade, o secretário disse que a prefeitura pediu ajuda à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para o empréstimo de cilindros. Ainda segundo Aparecido, a administração municipal disponibilizou caminhões para o transporte de oxigênio e está adquirindo usinas de oxigênio para instalar em unidades hospitalares.

Segundo a White Martins, empresa fornecedora para a rede pública e privada, em janeiro, o volume diário de oxigênio líquido consumido foi de 75 mil metros cúbicos na cidade de São Paulo. Nesta quarta-feira, dia 17 de março, o volume atingiu a marca de 166 mil metros cúbicos por dia. O aumento de 121% impacta a logística da região, disse a empresa em nota.

Antes da disparada dos casos de Covid-19, as UPAs recebiam oxigênio uma vez por semana. Segundo o secretário da Saúde, Edson Aparecido, agora as entregas são feitas três vezes por dia.

Transferência de pacientes de UPA

Dez pacientes da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ermelino Matarazzo, na Zona Leste de São Paulo, foram transferidos na madrugada deste sábado (20) por causa de problemas no fornecimento de oxigênio na unidade.

Uma fila de ambulâncias se formou na porta da UPA para transportar pacientes com Covid-19 para outros serviços de saúde. Outros 50 pacientes permaneceram na unidade.

Segundo o secretário da Saúde, não chegou a faltar oxigênio, mas houve um atraso na entrega do produto pela empresa White Martins. "Como a empresa não conseguia fazer a entrega a tempo, nossos profissionais decidiram transferir os 10 pacientes, nossas ambulâncias foram chamadas e todos foram colocad

No entanto, a empresa nega que tenha faltado oxigênio, "mesmo com o consumo do produto na unidade tendo aumentado de forma exponencial (16 vezes), saindo de 89 metros cúbicos por dia em dezembro de 2020 para 1.453 metros cúbicos por dia no dia 18 de março".

A empresa disse ainda que, nesta sexta-feira (19), a UPA consumiu todo o produto do tanque de oxigênio, e o sistema iniciou automaticamente o uso da central reserva de cilindros. A White Martins afirma que, enquanto a reserva estava sendo usada, o tanque foi reabastecido, e o fluxo foi normalizado.

Segundo a empresa, o problema pode ter acontecido na rede interna de distribuição. "A rede interna de distribuição do oxigênio para uso terapêutico é de responsabilidade dos estabelecimentos assistenciais de saúde e a White Martins tem alertado exaustivamente seus clientes sobre os riscos envolvidos na transformação de unidades de pronto atendimento em unidades de internação para pacientes com Covid-19 sem um planejamento adequado", afirmou em nota.

Limite

Pelo menos 54 cidades do estado de São Paulo estão com o estoque de cilindros de oxigênio em estado crítico, segundo um levantamento realizado pelo Conselho de Secretários Municipais de Saúde de São Paulo (Cosems/SP) e divulgado neste sábado (20). Esses municípios relataram que estão chegando ao limite de disponibilidade de oxigênio, ou seja, ainda têm o suficiente para atender os pacientes, porém o estoque pode se esgotar em breve.

Dos 654 municípios do estado, 69 responderam ao questionamento sobre a falta de cilindros de oxigênio no levantamento do Cosems/SP. A pesquisa foi feita por meio de uma enquete virtual.

Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde informou que os hospitais estaduais estão abastecidos e que "mantém diálogo com representantes de empresas fornecedoras de gases medicinais para garantir a perenidade do fornecimento de oxigênio nos hospitais da rede hospitalar estadual que atendem casos graves e gravíssimos de Covid-19".

A pasta informou ainda que intensificou o monitoramento dos estoques de oxigênio, insumos e medicamentos, incluindo os utilizados em pacientes entubados em unidades hospitalares para atendimento aos casos de Covid.