Interior

Novo projeto do Museu no Balanço das Águas promove oficinas em comunidades ribeirinhas do Velho Chico

Assessoria | 17/05/19 - 12h15
Assessoria

Comunidades ribeirinhas do Rio São Francisco, em Sergipe e Alagoas, estão se esforçando para não deixar que algumas tradições se percam com o passar do tempo, à medida que os mais velhos morrem, ou sejam escanteadas pelos mais jovens, cada vez mais assediados pela tecnologia dos celulares e suas redes sociais. O bordado Redendê, a arte esculpida em troncos e galhos de árvores, e a cerâmica produzida por meio da argila extraída do solo ribeirinho são algumas dessas técnicas e tradições ameaçadas, mas que agora também encontram apoio do barco Museu no Balanço das Águas um meio para se manterem vivas na região do Velho Chico.

Por meio do projeto Ampliando os Saberes do Velho Chico, o barco museu - da Coleção Karandash - está realizando oficinas de criação nas comunidades da Aldeia Xokó (Sergipe), Entremontes (Piranhas-AL) e Riacho Grande (Pão de Açúcar-AL). Aliado ao empenho da população ribeirinha, que aderiu ao projeto de imediato, o Ampliando os Saberes promove oficinas com crianças, adolescentes e jovens do Ensino Fundamental e Médio das três escolas municipais de cada comunidade. É o momento em que todos eles aprendem com os principais artistas da região como confeccionar obras em madeira, bordados e cerâmica - todo o trabalho é realizado nos ateliês e residências dos mestres. 

Os vídeos abaixo mostram algumas atividades feitas pelas crianças: 

O projeto Ampliando os Saberes do Velho Chico é uma realização do Museu Coleção Karandash de Arte Popular e Contemporânea, com patrocínio conseguido pelo Edital Modernização de Museus

“A ideia é fomentar, valorizar e respeitar essas sabedorias tradicionais que se mantêm vivas, repassar para as novas gerações esses fazeres com vistas à preservação da identidade, da memória artística ribeirinha do Baixo São Francisco e do fortalecimento dessa cadeia produtiva que tem gerado emprego e renda, a partir do processo de economia criativa para dezenas de famílias”, explica a coordenadora do projeto, Maria Amélia Vieira.

Como parte do projeto, as obras confeccionadas pelos alunos irão percorrer o Rio São Francisco a bordo do Museu no Balanço das Águas, que já ganhou nova pintura e os devidos reparos de manutenção para acomodar toda a produção das oficinas criativas.

As oficinas de bordados com a técnica Redendê, de Entremontes, têm como foco as crianças e jovens do povoado e seu entorno. Já as oficinas de esculturas em madeira, no povoado de Riacho Grande , em Pão de Açúcar, têm um público-alvo de aproximadamente 30 participantes, entre crianças, jovens e adultos. Na aldeia Xokó, da Ilha de São Pedro, no município de Porto da Folha (Sergipe), vem sendo realizadas as oficinas de cerâmica artesanal para um público de 25 participantes de todas as idades.

No sítio Riacho Grande, as atividades acontecem no ateliê do artista Cleciano, escultor em madeira, designer de móveis e objetos artesanais e grande contribuidor da preservação dessa arte. No povoado histórico de Entremontes, as oficinas são realizadas na sede da associação das bordadeiras de Redendê, enquanto na aldeia Xokó, da Ilha de São Pedro, as ações são realizadas no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e nas residências de duas antigas ceramistas da região.

“Por se tratarem de zonas rurais, os participantes são filhos de agricultores, pequenos pecuaristas, pescadores, artesãos, indígenas e mesmo pessoas que dependem, exclusivamente, de programas sociais do governo federal”, revela Maria Amélia. “Nessas comunidades, nós encontramos a presença simbólica da arte na vida das pessoas meio que naturalmente. Os estados de Alagoas, Sergipe e seus municípios, mesmo apresentando uma proporção privilegiada de artistas populares na relação com o contingente geral de sua população, precisa se apropriar e ter o sentimento de pertencimento”, completa.

Em breve, segundo Maria Amélia, o barco navegará pelas águas do São Francisco rumo às comunidades da Aldeia Xokó e Entremontes, com parada no povoado Ilha do Ferro, para exposição dos produtos confeccionados nas oficinas.