Polícia

Polícia pede ao HGE identificação de equipe que provocou queimaduras em idoso durante cirurgia

Gabriel Amorim* | 05/04/24 - 11h10
Agência Alagoas

O caso de um acidente durante uma cirurgia no Hospital Geral do Estado ganhou um novo episódio. Na manhã desta sexta-feira (5), a Polícia Civil de Alagoas divulgou que emitiu um ofício direcionado ao HGE para que sejam apresentados os nomes dos profissionais da equipe médica que atuaram no procedimento que causou queimaduras em um idoso de 71 anos.

O ofício foi enviado pelo delegado Waldor Coimbra Lou. Familiares da vítima já foram ouvidos e a Polícia Civil também está aguardando o resultado da perícia técnica e do prontuário médico de entrada, e do quadro de saúde atual do paciente.

O idoso deu entrada no dia 26 de março deste ano. Após avaliação e exames, foi descoberto que ele tinha um quadro de câncer avançado e que iria precisar de uma cirurgia para a retirada do tumor no rosto. Segundo o diretor do HGE, Fernando Melro, antes do procedimento, o médico aplicou éter no local para fazer a limpeza de uma ferida, etapa considerada padrão em cirurgias. Nesse momento, o material teria entrado em contato com o bisturi elétrico e provocado um princípio de incêndio

"O idoso deu entrada no hospital com um quadro de câncer bem avançado e, por conta desse câncer, ele criou uma ferida em um dos olhos. Esse tumor tomou praticamente metade do rosto do paciente. Essa ferida estava com larvas e com ovos de mosca. Antes da cirurgia, a equipe foi fazer uma limpeza no local onde estava com a ferida. O médico, antes de fazer a cirurgia, usou um produto químico conhecido como éter, que é inflamável, para fazer a limpeza do local. Segundo os relatos de quem estava com ele na hora, durante esse procedimento, ele teria usado o éter com o bisturi ligado. Isso acabou provocando um princípio de incêndio. Esse princípio de incêndio acabou queimando o paciente na região do peito pra cima e ele teve queimaduras de segundo e terceiro graus. Devido ao incêndio, que foi rapidamente controlado, ficou uma fumaça muito grande na sala cirúrgica. Todo mundo que estava nesse bloco cirúrgico inalou fumaça, inclusive o próprio médico teve queimaduras também, essas queimaduras foram na região das mãos. Por conta da fumaça, precisamos evacuar o centro cirúrgico de imediato", explicou o médico.

As chamas acabaram atingindo o idoso e provocaram queimaduras de segundo e terceiro graus no paciente. A última atualização do estado de saúde foi divulgada no dia 29 de março, quando era considerado grave.

O TNH1 entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau), e aguarda posicionamento sobre o recebimento do ofício da Polícia Civil. 

Polícia investiga se houve negligência - Foi instaurado um inquérito policial para investigar se houve negligência por parte dos familiares e da equipe médica que participou da cirurgia que provocou queimaduras de segundo e terceiro graus em um paciente de 71 anos, na última quarta-feira (27), no Hospital Geral do Estado (HGE). A informação foi confirmada à reportagem da TV Pajuçara pelo delegado Daniel Mayer, Diretor de Polícia Judiciária – DPJ1, nesta segunda-feira (1º).

De acordo com o delegado, algumas perícias já foram feitas no local onde o idoso acabou queimado durante uma cirurgia para retirada de um tumor na região do rosto. 

"No dia em que aconteceu essa cirurgia, o delegado plantonista, depois da informação ter sido fornecida pelo próprio HGE, convocou as perícias para que fossem feitos os primeiros levantamentos no local. O Instituto Médico Legal esteve no HGE e analisou a vítima, um idoso de 71 anos, e o Instituto de Criminalística analisou todo o local e utensílios usados durante a cirurgia. Tudo isso foi levantado a partir da instauração de um inquérito, que foi feito no dia em que o caso aconteceu", disse o delegado. 

Outra pessoa idosa já teve perna amputada por erro médico

Em junho do ano passado, uma idosa de 73 anos teve a perna amputada também depois de um erro médico no HGE. Segundo a investigação da Polícia Civil, a falha teria acontecido porque a unidade de saúde estava com pessoas com nomes iguais internadas, com duas pacientes chamadas “Maria José”. À época, a equipe médica foi afastada pelo hospital e indiciada pela polícia.

*Estagiário sob supervisão