Polícia

Após habeas corpus, agente da PF acusado de matar a filha de 2 meses é solto

Redação TNH1 | 11/10/19 - 07h04

A Justiça concedeu habeas corpus para o agente alagoano da Polícia Federal Dheymerssonn Cavalcante Gracino dos Santos, indiciado pela Justiça do Acre por homicídio doloso qualificado pela morte da própria filha, a pequena Maria Cecília, de apenas 2 meses.

Ele foi preso em Maceió, nessa quinta-feira, 10. A mãe de Dheymerssonn, Maria Gorete, que também foi indiciada pelo mesmo crime, mas não foi presa, afirmou que ele estaria finalizando exames médicos para se entregar à polícia.

Segundo a defesa de Cavalcante, ele teve a soltura concedida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) ainda ontem. Com a revogação da prisão preventiva, o agente vai responder pelo crime em liberdade. O Ministério Público do Acre deve recorrer da decisão.

Dois meses atrás, o STJ havia negado o pedido de habeas corpus da defesa de Cavalcante. O pedido foi indeferido pelo ministro João Otávio de Noronha. Segundo ele, não havia ilegalidade no pedido de prisão.

Preso em Maceió

A prisão do agente federal ocorreu em um hospital no bairro do Farol, em Maceió. A família de Cavalcante gravou o vídeo em que o policial aparece apenas de bata, seminu, sendo conduzido à força pelos policiais, chegando a receber um "mata-leão".

Entenda o caso

Maria Cecília tinha dois meses e morreu no dia 8 de março deste ano, em Rio Branco, no Acre, depois de tomar duas mamadeiras de leite artificial. De acordo com o laudo pericial, a morte da criança foi causada por broncoaspiração (insuficiência respiratória e obstrução das vias aéreas, causadas pela quantidade de leite ingerido). Segundo informações da imprensa sobre o inquérito, a menina teria ingerido uma quantidade de 120 ml de leite artificial, 11 vezes maior do que o recomendado (10 ml de leite materno). 

Segundo informações do G1, a mãe de criança, Micilene Souza, acusa o agente federal de premeditar a morte da menina junto à avó para não pagar a pensão alimentícia. Em vídeo, o agente federal se defendeu das acusações. Confira a transcrição:

"Meu nome é Deymerson. Todos vocês me conhecem por ser o policial que matou a própria filha. A respeito disso eu quero trazer alguns esclarecimentos. Sou policial, assim como o delegado que investiga o caso. Eu esperava, não é que ele não me acusasse, eu esperava que fosse realizado um trabalho sério e que todas as provas fossem colocadas no inquérito. Que tudo fosse relatado. Eu não queria que separassem dois papeis para cá e retirassem oito. Eu quero que tudo seja colocado. Esse é o primeiro ponto que eu quero falar. Segundo, de perícia eu não entendo, não posso criticar trabalho de perito. Mas eu sou policial, assim como o Martin Hessel, de investigação eu entendo, e olhe que eu sou mais burrinho ainda. Ao invés de falar para vocês, eu vou mostrar. Até hoje não fui ouvido. Depois que minha filha morreu, eu entrei num processo de depressão profundo. Eu quase me suicidei e perdi 10kg. E não tiver condição nenhuma de me pronunciar, de me defender", disse Dheymerssonn ao G1 no dia 10 de setembro.