Polícia

"Sabia que ela não prestava, mas nunca imaginei que aconteceria uma coisa dessa", diz pai de Rhaniel

Redação TNH1 com TV Pajuçara | 22/11/21 - 19h04
Reprodução / TV Pajuçara

Em entrevista exclusiva ao Cidade Alerta Alagoas, da TV Pajuçara/RecordTV, o pai do menino Rhaniel, Otoniel Severino da Silva, afirmou nesta segunda-feira, 22, que desconfiava que Ana Patrícia, mãe da criança, estaria envolvida na morte do menino. A Polícia Civil de Alagoas concluiu que a mãe, junto com o esposo, Vitor Oliveira, padrasto da criança, e o cunhado, Vagner Oliveira, cometeram homicídio qualificado. 

"Na cabeça da gente, qual o ser humano que teria coragem de fazer uma coisa que nem fizeram com o próprio filho? Eu sabia que ela não prestava, mas nunca imaginei que aconteceria uma coisa dessa. Quando eu soube que tinha acontecido isso, eu desconfiava que ela tinha um dedinho", disse Otoniel em videochamada. 

"Eu sabia que ela não era essas coisas. O menino foi criado comigo até os 4 anos, ela abandonou o menino comigo e se danou no mundo, foi fazer os bagulhos dela para lá. Quando o menino tinha 4 anos, ela apareceu, foi aí que eu fui preso por causa dela. No dia da audiência ela mentiu muito, levou quatro 'carão'. Eu não levei nenhum e fui absolvido porque ela mentia muito. Eu entrei na Justiça para pedir a guarda do meu filho. Só que a Justiça daqui de Pernambuco colocou a audiência para ir a Maceió, só que eu disse ao meu advogado: não vou, não gosto de lá, não vou para perto dessa mulher, não confio nela. Não fui. Automaticamente o menino foi ficando com ela. Isso eu nunca imaginei que ela pudesse fazer. Eu sei que ela mente muito, mente muito bem, que parece verdade. Eu sei quem ela é. Agora, ter a coragem de fazer uma atrocidade com o próprio filho, eu nunca imaginei".

Em Pernambuco, onde reside, Otoniel soube pela própria polícia da prisão da ex-companheira ainda na sexta-feira, 19. "Eu tenho uma conexão com a polícia de Alagoas, eles sempre falam comigo e me deixam informados. Inclusive, quando ela foi presa, na mesma hora a investigadora que veio aqui em casa pegar meu depoimento, ela ligou avisando que a Ana Patrícia tinha sido presa", contou.

Ana Patricia, de 37 anos, apresenta, de acordo com a Polícia Civil, um perfil psicológico frio e perigoso. A mulher, segundo os delegados, pesquisou sobre homicídio, pornografia, violência sexual contra crianças e formas de desovar o corpo antes do dia 12 de maio, quando o menino foi morto. "A gente estava acreditando que as informações dela seriam verdadeiras", lamentou o delegado Ronilson Medeiros sobre a mãe. Além disso, ela levantou suspeita de participação no assassinato depois de ter vendido a bola que recebeu de presente durante a homenagem para o menino na final do Campeonato Alagoano deste ano. Segundo a polícia, ela cobrou R$ 1,5 mil para comercializar o item simbólico, o que fez as autoridades perceberem que a mãe não tinha muito apego pelo garoto.

Saudades do filho - "Até hoje, nunca tirei (a foto de Rhaniel do perfil na rede social). Ainda não acredito que isso aconteceu, não consigo ver as fotos dele. Me incomoda. Fico pensando, como é que um ser humano tem essa capacidade de matar uma coisa dessa? Um menino tão lindo, um menino cheio de vida. Eu tenho outros três meninos aqui. O nome de um é Pedro Rhaniel, o dele era Rhaniel Pedro. Eu olho para o daqui e penso: "Meu Deus do céu, não teve nem a oportunidade de conhecer o irmão". Eu sabia que quando ele viesse para cá, que ele queria vir muito, ele ia querer ficar, não ia querer ir embora. eu sabia que eu ia ter meu filho de volta".

"Ela queria arrumar um culpado" - O pai de Rhaniel comentou que as autoridades inicialmente haviam recebido de Ana Patrícia a suspeita de que a esposa de Otoniel poderia ser a suposta mandante do crime, denúncia que, segundo Otoniel, gerou desconfiança dos investigadores. 

"Eles vieram, foram muito educados comigo. Até então eu descobri que Ana Patrícia estava querendo arrumar um culpado, ela estava de um jeito que ela mesma se denunciou, ela mesma se prendeu. Ela ligou para a polícia daí (Alagoas), disse que tinha descoberto uma coisa muito séria sobre a morte do Pedrinho. Ela disse que eu tinha recebido R$ 25 mil, a minha esposa pegou escondido de mim R$ 5 mil e mandou matar o menino lá. O delegado pediu para vir aqui, nem lembro mais, acho que foi para prender minha esposa aqui. A investigadora disse: "Tem alguma coisa errada. Como é que um cara vem de Pernambuco por R$ 5 mil matar uma criança aqui e ninguém vê, ninguém viu, não tem vestígio nenhum disso?". Aí eles vieram aqui, pegaram meu depoimento, me contaram essa mentira da parte dela, e ela justificou que minha esposa teria feito por ciúme. Porque aqui tem o projeto de uma piscina que está quase pronta, e porque ele viria para cá, eu estaria adiantando essa piscina. Aí ela disse à polícia que minha mulher fez isso por ciúme porque eu estaria fazendo uma piscina para o Pedro. Só que essa piscina não é por causa do Pedro, essa piscina é um projeto da casa, é para o Pedro, para os irmãos dele, para a casa. Ela começou a se afundar aí. Por isso começaram a investigá-la".

Em 4 de junho, a polícia prendeu no bairro Santos Dumont um homem, de 45 anos, suspeito de estuprar ao menos três crianças. Na ocasião, as autoridades averiguavam se existia alguma relação do suspeito com a morte de Rhaniel. 

"Outra conversa também, ela sempre falava comigo pelo zap e me pedia para não dizer a polícia alagoana que estava em contato comigo, que eu e ela tínhamos comunicação. E tudo que a gente falava ela apagava lá. Ela dizia a mim que estava sendo investigada, que não era para ligar direto. E outras coisas que eu comecei a desconfiar. Quando prenderam o borracheiro que estava acusado, ela deu certeza que tinha sido ele. Ela estava querendo arrumar um culpado. Comecei a desconfiar dela", revelou Otoniel.

Ligações 'controladas' com Rhaniel - "Toda vez que o menino falava comigo, falava poucas palavras. Ele era controlado sobre o que poderia falar e só falava comigo no viva-voz, ela controlava a gente. Muitas vezes eu conversava aqui com minha esposa: "Meu filho está querendo muito vir para cá, acho que ele está querendo conversar alguma coisa comigo e tem medo de dizer".

Rhaniel reclamava do consumo de drogas em casa - Segundo o delegado Bruno Emílio, o padrasto de Rhaniel, Vitor Oliveira, trocou mensagens com o irmão, Vagner Oliveira, no dia 11 de maio deste ano, e o convidou para usar drogas na casa onde morava com a mãe do menino. Conforme a Polícia Civil, Vitor já tinha sido preso em São Paulo por roubo e tráfico de drogas e é usuário. O irmão dele, Vagner, também era usuário. O menino Rhaniel, apontam as investigações, reclamava para outros familiares do relacionamento da mãe com o padrasto e sobre o consumo de drogas dentro de casa. 

"Quando os delegados falaram que meu filho era contra esses usos de drogas, a polícia estava falando de mim. Meu filho é igual a mim, eu sou contra esse negócio de droga. Quando a gente se conheceu, ela (Ana Patrícia) fumava. Consegui fazer ela parar de fumar, a única coisa que ela fazia era tomar cerveja, até porque para mim isso é normal. Mas ela parou de fumar e eu sou contra qualquer tipo de drogas. Então, comigo, ela não usava", disse Otoniel.

Casamento com suspeito de estuprar a sobrinha - Vitor Oliveira foi preso por estupro de vulnerável no dia 21 de junho, a vítima seria uma menina de 12 anos, prima do menino Rhaniel. Na última semana, Ana Patrícia buscou oficializar o casamento com ele no cartório. "O objetivo [do casamento] era somente para ter relações sexuais dentro do presídio", disse Ronilson Medeiros em coletiva hoje.

"Agora, ela vai saber o que é cadeia. Ela gosta muito de inventar mentiras, de querer lascar os outros. Agora, o que eu acho estranho da parte dela, como é que um companheiro ou companheira vai preso por estupro de um sobrinho ou sobrinha, e essa outra pessoa casa com um cara desse na cadeia? Na minha opinião, ela fez isso porque se abandonasse ele, ele ia abrir a boca, ia ficar desesperado porque foi abandonado e ia falar a verdade. Ela, com medo, se casou com ele para ter o direito de entrar e visitar ele", opinou Otoniel. 

Justiça - "Já que não existe pena de morte, meu desejo é que eles continuem lá no cantinho deles. Agora ela vai saber o que é cadeia".