Maceió

Após fugir de casa, cão Apollo é encontrado, mas UVZ decide tirar a vida do animal; veterinária questiona eutanásia: "devastada"

Lelo Macena | 19/02/23 - 15h15
Reprodução Instagram

Após fugir da casa de seu tutor, em Cruz das Almas, na manhã dessa sexta-feira, 17, Apollo, um cão da raça Weimaraner, de 13 anos de idade, foi finalmente encontrado, na tarde do mesmo dia, na Praia de Jatiúca, por guarda-vidas do Corpo de Bombeiros (CB). Depois de horas sem se alimentar e caminhando longa distância, o animal estava desidratado e exausto. Os militares o acolheram, deram água e o colocaram na sombra.

O que parecia ser o alívio para o tutor do Apollo e para a médica veterinária do cão, Leila Patrícia Correa, que procuravam aflitos o animal desde o dia anterior, se transformou em pesadelo. Após encontrarem o animal, os guarda-vidas acionaram a Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ), antigo CCZ, que recolheu Apollo e decidiu pela morte do animal, o procedimento de eutanásia.

“Quando soubemos que o CCZ havia recolhido o Apollo ficamos aliviados, pelo menos ele não havia dormido na rua. Mas, para nossa surpresa, quando ligamos, o responsável nos disse que o Apollo havia sido eutanasiado. Como assim? E por qual motivo? Doença que não lhe possibilitava qualquer inviabilidade de continuar vivendo?”. diz a médica veterinária Leila Patrícia Correa.

Ela cuidava de Apollo e garante que o animal estava saudável, apenas com problemas de qualquer animal idoso. Segundo ela, Apollo havia sido submetido a um procedimento cirúrgico nos olhos e estava sob tratamento oftálmico, além de fazer uma bateria de exames recentemente que não identificaram qualquer problema de saúde.

Por meio de nota (leia na íntegra no final do texto), a Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ) informou que o cão “estava idoso, com sobrepeso, desidratado, olhos lesionados, sem estímulo visual e com lesões cutâneas, o que caracterizou o animal em situação de sofrimento e sem condições de tratamento. Nestes casos, a medida adotada para abreviar o sofrimento do animal é o procedimento da eutanásia, feita após toda a avaliação clínica necessária”. A nota também afirma que, segundo denúncias, o cão havia sido abandonado na Praia de Cruz das Almas.

A veterinária rebate e afirma que o estado de saúde de Apollo jamais justificaria uma eutanásia e que o cão não foi abandonado, mas teria fugido de casa aproveitando-se de uma falha no portão da residência.  “É preciso respostas para o que aconteceu com Apollo. É preciso mudanças drásticas na humanização das pessoas que trabalham com animais, em sua saúde, pois estão lidando com vidas que ainda que não tivessem tutores são valiosas. Cães, gatos, cavalos, precisam de um serviço que cuide de sua saúde, combata zoonoses, lhes salvem a vida. Sem respeito a tais princípios, ficamos a nos perguntar: para onde está indo o trabalho com a saúde? Em que mãos estão os nossos animais? Quem é o responsável por isso? Quem é o responsável pela perda irreparável e injustificável desse animal?”, escreveu Leila em seu perfil do Instagram, onde também postou um vídeo com seu depoimento sobre o caso. Assista:

Leia a nota na íntegra:

Nota: Unidade de Vigilância em Zoonoses esclarece eutanásia de animal em situação de sofrimento

A Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ) esclarece que um dos objetivos de seu trabalho é recolher animais com suspeita de zoonoses, envolvidos em acidentes ou que estão em situação de sofrimento. 

A denúncia do caso ocorreu via atendimento WhatsApp (82) 98882-8240 (Disk Denúncia), em que o denunciante relatou que uma pessoa não identificada parou um carro e deixou o animal na praia de Cruz das Almas, o que caracteriza abandono. Além disso, segundo o denunciante, o animal estava aparentemente cego e em idade avançada. 

Após a chegada da equipe de apreensão foi constatado que o animal encontrava-se desidratado e sem conseguir se levantar.  Com o auxílio do Corpo de Bombeiros, o animal foi alocado no carro de UVZ.

O animal estava idoso, com sobrepeso, desidratado, olhos lesionados, sem estímulo visual e com lesões cutâneas, o que caracterizou o animal em situação de sofrimento e sem condições de tratamento. Nestes casos, a medida adotada para abreviar o sofrimento do animal é o procedimento da eutanásia, feita após toda a avaliação clínica necessária.